A fama é algo almejado por muitos, mas será que vale a pena buscá-la a
qualquer custo? Uma empresa israelense, responsável pela criação de
aplicativos para o Facebook, oferece a fama como prêmio para os
internautas. Para participar, o usuário precisa gravar um vídeo para ser
exibido após sua morte. O primeiro que morrer, entre todos os
inscritos, terá o testemunho publicado em sites e portais noticiosos de
todo o mundo.
A competição, intitulada “If I Die First” (Se eu morrer primeiro),
promove o aplicativo “If I Die” (Se eu morrer). O programa virtual
permite aos internautas cadastrados a criação de uma mensagem de
despedida, em texto ou vídeo, para ser publicada no mural da rede social
só após a morte de cada um deles.
A tecnologia foi criada por Eran Alfronta em 2011 e já atraiu mais de
200 mil usuários em 42 países diferentes. “Consideramos que um concurso
seria o apropriado para que o aplicativo tivesse impacto. Todas as
pessoas têm direito a que suas últimas palavras sejam conhecidas, que o
seu legado seja público”, disse Alfronta, fundador e executivo-chefe da
empresa, à agência espanhola EFE.
Na opinião do psicólogo social Odair Furtado, professor da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aplicativo vende uma
falsa esperança da vida eterna. “As pessoas querem ser imortais, querem
perdurar, mas a gente sabe que as possibilidades de viver para sempre
não existem, pois ninguém conseguiu isso até então. Alguns são
eternizados pelo legado, pelas obras. Quando não se tem isso, passa-se a
acreditar que qualquer forma de perpetuar a vida vale a pena”, disse o
psicólogo.
Ele acrescenta ainda que isso é o reflexo da sociedade do espetáculo, na
qual a sociedade valoriza em excesso a questão da exposição. “A
promessa do aplicativo é uma promessa vã, pois não se tem a garantia de
que vá realmente funcionar. O vencedor pode até ganhar seus 15 minutos
de fama, mas isso será efêmero. E o pior: nem estará vivo para ver. Não
vai demorar para que ele volte ao anonimato”, acrescenta o professor.
O criador do aplicativo alerta que, se houver alguma suspeita de
suicídio ou falecimento deliberado, o relato não será publicado. “Temos
uma política antissuicídio muito rigorosa”, comentou Alfronta.
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